domingo, 14 de junho de 2009

As festas cariocas

DDK – Deustschland Dancefloor Klub

O que se esperar de uma festa de rock alemã que mistura sexo, rock and roll e trance? Ninguém sabe o que esperar quando se começa a freqüentar a DDK, porém depois da primeira vez, ninguém esquece. E tem a certeza que não se pode esperar pouca coisa dentre os seus quase 7 anos de existência da festa. A DDK se firma a cada edição como a festa de maior sucesso do cenário “under” do Brasil. Usando o espaço de 4 andares do Cine Íris, prédio do século XIX no Centro do Rio de Janeiro. Regado em Rock Industrial, Psy Trance e muito tesão, a DDK promove durante todo o ano sensações únicas e marcantes, ou vai dizer que ninguém nunca ouviu falar na famosa Dark Room nas edições eróticas na Fundição Progresso, na DDK que rolou no show do Marilyn Manson ou então no famoso Jesus nas edições Medievais? Não posso esquecer, de informar que o chá da Alice, servido na festa, não é fácil de agüentar.





Starfuckers

Uma mistura de laquê, roupa de oncinha, calças de couro, bandanas e muito Hard Rock. Essa é a melhor definição da Starfuckers. A festa de maior sucesso no Cine Lapa reúne toda a nata carioca do Hard Rock, glamnation e metal farofa que possa existir no Rio de Janeiro. Bandas como Lion Heart e Wild Catz, famosas no Hard Underground Carioca, são presenças constantes, sem falar nos Set-List’s dos DJs Mystique, Lucyus e Buba, regados em Skid Row, Motley Crue, Guns n’ Roses, Aerosmith e muito, mas muito glamour que o Hard Rock precisa para existir. São usadas duas pistas de dança, no primeiro andar rola de tudo do mundo do Hard Rock. E no segundo andar é onde a loucura acontece, um lugar mais reservado para os mais ousados. Em uma pista apertada e janela com vista para os Arcos da Lapa, o pessoal dança ao som de bandas psicodélicas. O bar do segundo andar quase não dá conta de todos e a varanda da frente serve para aqueles que precisam de mais fôlego para suportar o calor e energia do segundo andar.













On The Rocks

On the Rocks trouxe para o Rio um cenário já conhecido no mundo do rock: New Rave. O rótulo New Rave foi criado por Jamie Reynolds, da banda Klaxons. "Ele inventou como uma piada em um pub em 2005. Um jornalista ouviu e agora todo mundo usa. Somos uma banda de rock, mas o elemento rave vem do que as pessoas sentem em nossos shows. Elas têm a mesma excitação que havia nas raves do começo dos anos 90.", explica o vocalista e tecladista James Righton, do mesmo grupo. Todas as cores das músicas encapuzadas, a mistura dos sons e a extinção da definição homem-mulher, transforma a On the Rocks na festa mais divertida de Copacabana, trovejada com MGMT, Klaxons, Cansei de Ser Sexy e Hot Hot Heat. Muito estilo e roupas de grife, molhadas com Sex On The Beach e vinho transformam a On The Rocks no reduto da moda-londrina no Rio de Janeiro



Heavy Duty

“BATATA FRITA PRONTA, PORRA!” Essa é a frase que se escuta logo de cara quando se entra na Heavy Duty. Reduto dos motoqueiros do Rio de Janeiro, ela fica situada no ponto mais nobre do Rio de Janeiro: na Rua Ceará, ao lado da famosa Vila Mimosa. Mas não pense que lá você vai encontrar garotas de programa. A Heavy Duty é lugar de ogros barbudos que gostam de jogar sinuca, tomar cerveja direto na garrafa, escutar Motorhead, Black Label Society e Matanza e arranjar uma boa briga de bar, bem ao estilo Matanza de ser. A Heavy Duty é dirigida pelo famoso Zeca, um motoqueiro de caráter duvidoso e de mal humor nunca questionável. Porque se você questionar, vai sair de lá com bons hematomas para contar história.





sexta-feira, 12 de junho de 2009

A nova moda é ser "oldie"

Á esquerda Dolly Parton (1967)á direita Lily Allen (2006)

Antigamente os artistas queriam quebrar com as regras e com os costumes da sociedade criando novas formas de pensar e ver a vida com novas formas de se fazer arte. Assim foi a Semana de Arte Moderna de 22. Representando uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado e até corporal, pois a arte passou então da vanguarda para o modernismo. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos, como a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfonicas. O adjetivo "novo" passou a ser marcado em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse. Hoje em dia o que acontece é justamente o inverso. Os novos artistas buscam no passado a melhor maneira para se expressar. Trazendo novamente aquele visual “oldie” que acaba fazendo mais sucesso do que aqueles que tentam criar algo mais moderno. Exemplo de artistas que trazem o passado para suas músicas não faltam. Vamos falar de algum deles. Lily Allen é uma cantora inglesa de 24 anos que faz grande sucesso desde quando saiu seu primeiro single de sucesso "Smile" no ano de 2006. Recentemente lançou um vídeo que nos chamou a atenção pela temática "oldie" abordada em toda sua atmosfera. O clipe tem grande referência country music, com a banda e as dançarinas totalmente caracterizadas como se fosse um programa de música country da década de 70. Porém o estilo não está apenas no vídeo, e sim em todo o conceito da música, com o ritmo típico da música country.



Talvez Lily Allen tenha ouvido em seu Ipod a cantora Dolly Parton, pois é óbvio a influencia da cantora cowntry em sua música. Tanto que os dois vídeos são super parecido, desde o apresentador, até o cenário. Lily Allen com seu clipe “oldie” conseguiu desbancar cantoras de sua nova geração como Lady Gaga, Katy Perry e Beyoncé.

Veja abaixo o vídeo de "Jolene" de Dolly Parton e compare com o vídeo de Lily Allen:





Além de Lily além temos uma excelente banda chamada Franz Ferdinand. Um grupo de rock alternativo de Glasgow, Escócia, fazendo músicas com pegada e ritmos dançantes, também são inspirados em bandas dos anos 80 e principalmente na banda Talking Heads. A música e o clipe de “Walk Away” traz aquela grande sensação de que você conseguiu sintonizar o canal em uma frequencia de ondas do passado.

Veja abaixo o vídeo de "Walk Away" do Franz Ferdinand:





Indo para os Estados Unidos temos a banda The Raconteurs. Uma banda americana de rock alternativo formada em 2005, em Detroit, cujos membros já eram conhecidos por outros projetos musicais, como The Greenhornes, Blanche e White Stripes. O som que eles fazem é extremamente calcado no rock dos anos 70. Jack White já foi considerado por muitos guitarristas antigos, principalmente pelo guitarrista Slash, como sendo o maior guitarrista contemporaneo. A música “Steady, As She Goes” é um pequeno exemplo disso, pois Jack White carrega em seu currículo diversas músicas dignas de grande status no mundo da música. Veja abaixo o vídeo de “Steady, As She Goes” de The Raconteurs:

quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Eu não gosto das drogas, mas as drogas gostam de mim"


Sid Vicious (Sex Pistols), Kurt Cobain (Nirvana), Layne Staley (Alice In Chains)



Nesse post falaremos a respeito de um assunto delicado, que no mundo da música parecia ser um fato quase sempre inevitável. Durante muitos anos, era comum que tanto os músicos quanto seus fãs vivessem no chamado “limite”, absorvendo ao máximo que podiam do lema “Sexo, drogas e Rock n’ Roll”. Sem saber a hora certa de parar, incontáveis músicos partiram de forma precoce, deixando para trás um rastro de fãs inconsoláveis, bandas destruídas e canções inacabadas.

Mas o mais curioso era que, em meio a toda dor que isso causava, a maioria da crítica e dos próprios fãs considerava o “sacrifício no altar do Rock n’ Roll”, uma maneira “nobre” de morrer, pois o músico em questão conservaria para sempre seu nome na história. Já dizia Kurt Cobain “Morra jovem, permaneça eterno e belo.” Uma pena que tantos alcançaram esse status não pela qualidade de sua música, mas pela maneira louca que encurtavam a sua vida.

É raro encontrar rockeiros que tiveram morte natural. A famosa overdose até a poucos anos encabeçava a lista das maneiras como vários deles acabavam por deixar esse mundo, depois vinham os suicídios e os assassinatos. Talvez não fosse um rótulo divertido de se carregar, mas os músicos não eram conhecidos por terem uma vida longa, o que de fato nos colocou na mira dos preconceituosos, no passado.

Podemos citar vários deles e contar diversas histórias dessas mortes de estrema lamentação para o mundo da música.
O caso mais curioso e assustador da época foram os muitos músicos que morreram aos 27 anos de idade. Brian Jones, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison e Kurt Cobain, todos eles não passaram da casa dos 27. Muitos artistas dizem até hoje que se não morrerem aos 27, não irão morrer de overdose.

O primeiro caso aconteceu em 3 de Julho 1969, quando o corpo de Brian Jones, guitarrista dos Rolling Stones, foi encontrado boiando em uma piscina, até hoje não se sabe a causa da morte.
Um ano depois mais duas mortes. Jimi Hendrix foi encontrado em um quarto de hotel engasgado com seu próprio vômito, em 18 de Setembro de 1970. Janis Joplin foi encontrada morta 17 dias depois da morte de Jimi Hendrix, possivelmente de overdose acidental de heroína em 4 de Outubro de 1970.
Jim Morrison, vocalista da banda The Doors, foi encontrado na banheira de seu apartamento, em Paris, exatamente dois anos depois da morte de Brian Jones, em 3 de Julho de 1971.
Em dois anos, ocorreram quatro mortes no mundo da música, o período em que a "Dona Morte" mais trabalhou na história da música em parceria com as amigas "Dona Cocaína" e "Dona Heroína". Talvez elas não tivessem tanto trabalho, pois os quatro músicos em questão praticamente eram amigos íntimos das três “Donas”, e viviam constantemente ao lado delas.

Parecia que essas mortes fizeram com que as bandas tomassem mais cuidados e tomassem quantidades menores de suas amigas. Porém Sid Vicious, baixista do Sex Pistols, apareceu para relembrar e até mesmo superar a morte aos 27 anos. Sid Vicious se trancou em um banheiro e injetou uma dose a mais de heroína. Depois foi encontrado morto, deitado de costas na cama de um apartamento na manhã de 2 de Fevereiro de 1979 com apenas 21 anos. A droga supostamente foi fornecida pela própria mãe de
Sid, durante uma festa na sua casa, em comemoração à sua libertação, pois ele esteve preso desde o dia 12 de Outubro de 1978, por ter assassinado a punhaladas sua namorada, Nancy Spungen, num quarto do Chelsea Hotel.

A partir daí houve um período de 15 anos sem mortes prematuras, até que chegou o dia de Kurt Cobain.
Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, foi encontrado com um revólver calibre 38 sobre o peito, apontando para o queixo e um bilhete suicida sob um vaso derrubado. Com a cabeça estourada por um tiro de espingarda, em 5 de Abril de 1994. Apesar de não ter morrido de overdose, Kurt também morreu aos 27 anos.

A morte mais bizarra da história do rock aconteceu com Layne Staley, vocalista do Alice In Chains. Staley foi encontrado em seu condomínio vítima de uma overdose letal de heroína combinada com cocaína no dia 20 de Abril de 2002. Porém o dia da sua morte foi dado como 5 de abril pela perícia, coincidentemente o mesmo dia da morte de Kurt Cobain. Seu corpo já havia entrando em estado de decomposição, o corpo foi encontrado em sua casa, após os vizinhos perceberem o enorme cheiro e que não havia movimentação na casa. Um grupo de fãs jogou pedras em uma das janelas de sua casa e vendo que ninguém se manifestava, invadiram a casa de Stanley e encontraram seu corpo aos vermes no chão de um dos cômodos da casa.

Hoje em dia esse quadro vem mudando, e para melhor. Podem atribuir à época “calma” em que os músicos atuais estão vivendo em comparação com os músicos do passado.
Antigamente achavam o máximo julgar o potencial de um artista pela quantidade de litros de álcool que ele agüentava ingerir numa noite, ou quantos tipos de drogas ele experimentou, com quantas garotas ele conseguiu levar pro camarim e em quantas brigas de bares ele conseguiu ganhar. A época que esses dados significavam que a banda estava “no topo” já passou. Deveríamos estar orgulhosos que várias bandas atuais e até algumas antigas resolveram assumir uma postura “careta”.

Os ídolos já não morrem tão cedo, os casos de overdose diminuíram, mas não é por isso que deixamos de admirar o trabalho desses que morreram precocemente e até daqueles que sobreviveram aos excessos e loucuras da época “pesada” do consumo exagerado de drogas. Muitos deles viveram em meio a tudo isso e estão vivos até hoje, porque mudaram a maneira de viver e de encarar a vida se cuidando mais, ou porque deram sorte mesmo. Os maiores exemplos de superação e sorte são Keith Richards e Ozzy Osbourne.

Keith Richards talvez seja o músico que mais ingeriu drogas na história do rock, Keith trocou todo o seu sangue numa clinica na Suíça, para ajudá-lo a se livrar da dependência da heroína que pontuou sua vida durante os anos 60 e 70. Ozzy Osbourne na sua época mais louca chegou ao ponto de cheirar uma carreira de formigas vivas. E dizia que na sua época mais problemática, cheirava enormes quantidades de cocaína e quando a droga acabava ele procurava no chão os restos da droga. Porém os dois estão vivos e fazendo shows até hoje.

Qual é o significado da frase “Viver cada dia como se fosse o último”?
Fala sobre aproveitar a vida ao máximo que pudermos. Faz sentido e é sem dúvida um bom conselho. Mas em nenhum momento ela dita que devemos viver cada dia para que ele seja o último.
Hoje em dia músicos como Amy Winehouse, Courtney Love e Pete Doherty talvez não compreendam o real sentido da frase acima. Quem será o próximo?

Veja abaixo o vídeo acústico da música "We Die Young" do Alice In Chains






Amy Winehouse, Courtney Love e Pete Doherty

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Marilyn Manson, a arte degenerada contemporânea



Não poderíamos deixar de falar de um dos maiores ícones do Freak Show contemporâneo. A Marilyn Monroe e o Charles Manson, juntos formam uma das mais comentadas bandas das últimas duas décadas.

Marilyn Manson sempre expandiu métodos e estendeu a sua expressão criativa que continua a divulgar mensagens importantes em suas músicas no qual simultaneamente fala para aqueles que o entende, e contra aqueles que nunca o entenderam. Manson é um artista controverso, se atreve a ter uma opinião e a criar música e vídeos que desafiam as idéias da sociedade. Em seu trabalho, examina o mundo em que vivemos, e mostrar às pessoas que o diabo que culpamos pelas nossas atrocidades é realmente cada um de nós.

Quem conhece a filosofia “Nietzschesiana”, nas músicas do Manson nota-se semelhanças entre as duas filosofias. Manson tem embasamento na teoria de Nietzsche, quem lê e ouve Manson nota isso evidentemente nas letras de música e na forma que ele se apresenta em público. "Antichrist Superstar" é um dos álbuns em que se pode notar bem isso. Ao invés de usar o termo “Super-man” ele usa o termo "Star". Então, a idéia geral é que Manson não permite à sociedade dizer se ele está certo ou errado, ou no que acreditar. É como dar o troco, ele passou a vida inteira tendo que acreditar no que diziam ser o certo, principalmente na igreja, e agora é a vez dele poder falar. Em "Antichrist Superstar" vemos essa progressão de “homem” para "Super-homem”. Podemos considerar Manson uma espécie de Nietzsche moderno, já que Nietzsche encorajava o pensamento independente, desencorajando as pessoas de seguirem a massa e ir contra aos questionamentos e valores da sociedade. Ambos parecem não gostar do cristianismo e os valores representados por ele. Vale lembrar que Nietzsche escreveu uma obra de protesto chamada “O Anticristo” e em músicas de Manson conseguimos notar várias referencias sobre essa obra. Mas o que nos intriga é que há certas divergências entre a filosofia dos dois, pois Manson se apresenta como um ídolo que está a guiar as pequenas ovelhas ainda que ele possa, ele não deseja isso. Manson já citou em diversas entrevistas que seu interesse é fazer com que a sociedade olhe a si mesma, não querendo ser um guia, por isso a ironia em "Antichrist Superstar". Mas ao mesmo tempo, um “ídolo” do rock já é um “guia” quer queira, quer não. Manson é uma pessoa que lê muito. É artista; e como todo artista, deve ser um chato, chato ao ponto de entender muito do que está falando, ser meticuloso em suas referências. Aí estão as diferenças.

O fato de Manson criar polêmicas e questionar a imprensa, religião cultura e tudo mais que estamos acostumados, choca. Choca tanto que virou motivo de atentado. Como o próprio disse. "É muito mais fácil colocar culpa numa imagem questionadora do que numa imagem protetora, como do presidente dos EUA.". No vídeo de “The Beautiful People”, Manson aparece numa torre de um castelo da Alemanha fazendo trejeitos “hitlerianos” para o povo. Podemos lembrar também do final da letra de “The Beautiful People” em que ele diz: "Tudo é relativo ao tamanho de sua torre/o capitalismo tornou as coisas assim/um fascismo à moda antiga acabará com isso". O fato é que se utilizar de imagens nazistas não é novo na história do rock. Sid Vicious, falecido baixista do Sex Pistols, usava uma camiseta com a suástica, enquanto o guitarrista usava uma com a foto de Karl Marx e o vocalista falava em anarquismo. Contraditório, não? Se a finalidade é chocar, se utilizar de qualquer imagem que seja considerada um "tabu" perante a sociedade "moralizada" é válido. O rock não é para ser "bonitinho" e agradável, e sim, justamente chocar, nem que para isso choque até mesmo aos que gostam da música, carregando bandeiras contrárias à nossa educação "humanista".

No período de pós 1ª guerra, o mundo passava por uma indisposição geral, e os movimentos artísticos, como o dadaísmo e o surrealismo, refletiam esse cenário. O artista estava retratando a sociedade que ele vivia, através do inconsciente coletivo, isso era um meio de salvação pessoal para o mesmo, porém nem todos estavam aptos a esta salvação, as grandes massas precisavam de algo mais literal e imediato. Quando o partido nazista tomou o poder essas necessidades foram superficialmente supridas, no entanto nesse processo de resgate de tudo que era puramente e patrioticamente alemão, veio a perseguição a arte e ao expressionismo. A maioria dos trabalhos progressivos de arte era considerada “degenerada”, confiscados, queimados ou expostos a uma espécie de espetáculo que veio a ser conhecido como museus da “Arte Degenerada”, como obras dos artistas Salvador Dali, Pablo Picasso, Max Ernst, Edvard Munch, entre outros. Manson sempre retratou esse contexto de “Censura x Expressionismo” durante toda sua carreira, junto com os elementos de música, arte e performance nos palcos que eram considerados “degenerados” pela mídia. Inversamente, a arte de Manson é repleta de elementos que evocam o nazismo retratado e usado dessa maneira “degenerada” trazendo junto a dicotomia de “bom” e “mau”, expressionismo e fascismo, preto e branco, Marilyn e Manson, exatamente para chocar e assim fazer as pessoas pensarem.

Podemos notar em suas músicas e atitude nos palcos e entrevistas como um elemento catalisador de mudança, uma mudança boa, mas não necessariamente pelo caminho mais “bonitinho” ou o mais correto, através do “estranho” e diferente, anti-convencional, ele muda a maneira de pensar e reagir com o mundo das pessoas. Manson, a meu ver, é a mais nova expressão das artes, da mesma forma que a Semana de Arte Moderna em 1922 quebrou com as regras de "tempo e espaço" literários, Manson iniciou um novo meio de quebrar com o "pós contemporâneo". A música dele é impressionista, só que cheia de críticas implícitas à sociedade, política, economia e religião. Além da questão contra as religiões dogmáticas, ele exprime revolta com os modelos atuais, sejam de família, sejam de educação ou de beleza.

Por vezes a música, livros e filmes são as únicas ferramentas que nos fazem sentir que há alguém que sente o mesmo que nós. E buscamos principalmente na música esse conforto e a fuga de tudo aquilo que me afeta buscando uma compreensão e fazendo uma análise da vida em torno dessas músicas.

Em “The Fight Song” ele cita uma frase do ditador Stalin: “A morte de um é uma tragédia, mas a morte de milhões é apenas uma estatística”. É algo que vejo todos os dias, morre um bonitinho famoso. E todos ficam deprimidos, que grande perda, todos choram, fazem homenagens na TV durante uma semana e tudo mais como manda o protocolo. Morrem milhões na guerra e só vem na cabeça "Ah, que pena, mas tudo bem, estamos acostumado com isso", e no outro dia estão comentando quem saiu do BBB.
“Se jogar de cabeça no inferno para moldar o indivíduo. De certo modo, é a história da minha vida.” De fato foi a frase que Manson disse e que resultou em maior impacto na minha vida. Devemos enfrentar e passar por cima de tudo que existe de ruim e que vá contra aos nossos costumes e valores, para assim finalmente moldar nossa identidade e descobrir os seres que somos.

Veja abaixo o vídeo ao vivo do show do Nine Inch Nails com participação de Marilyn Manson com a música "The Beautiful People"


terça-feira, 9 de junho de 2009

Pós-Modernidade Cultural


Hippie (Modelo) Punk (Brody Dalle) Heavy Metal (Doro)


Glam Rock (David Bowie) Hard Rock (Axl Rose) Pós-Punk (Robert Smith)

“Pós-Modernidade e Subjetividade Pós-Moderna”, de Marília Antunes Dantas, psicóloga formada pela PUC-RJ em certo trecho ela começa dizendo: “A polêmica engendrada pela contemporaneidade traz à discussão as transformações produzidas atualmente em todos os âmbitos da vida social ocidental comparativamente aos modelos prescritos pela modernidade” “Gestada nos anos 50, a pós-modernidade surge num cenário intelectual mundial a partir do final dos anos 70, com o advento da cultura de massa, da televisão, do rock, da pílula, da mini-saia, do movimento feminista, da rápida expansão do consumo de massa, do neoliberalismo, da globalização, no descrédito nas grandes ideologias, no enfraquecimento das normas disciplinares e autoritárias” Tomamos a liberdade de fazer esse post pensando nessas palavras da autora, relacionando-as com a música, que é o assunto abordado no blog.

Nos anos 60, o mundo entrava de vez na sociedade de consumo, com a televisão, revistas e rádios ditando modas. Alguns garotos percebiam que a música era um grande sonho libertário e a melhor forma de se expressar. Grupos que, influenciados pela música negra americana, e que agradavam em cheio ao público jovem, alvo da indústria fonográfica pós-Elvis acabaram se sobressaindo e assim aparecendo na mídia os Beatles, e os Rolling Stones. De um lado os garotos de Liverpool, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, vestidos com ternos, cabelos arrumados, sempre sorrindo com a maioria de suas letras falando de amor. De outro lado, Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts, com uma atitude mais rebelde e agressiva e com um som mais pesado. Os garotos do Rolling Stones eram o oposto dos Beatles: nada de terninhos e sorrisos para a platéia, os Rolling Stones era durões e encarnavam a rebeldia que se espera de uma banda de rock. Nessa época ou você adotava as idéias dos Beatles ou as idéias dos Rolling Stones. Era mais fácil para as pessoas que se espelhavam e compartilhavam das mesmas idéias de suas músicas, assimilar um ou outro de acordo com sua subjetividade.

Conforme os anos foram passando as pessoas continuavam procurando novos sons e formas de expressar seus anseios. Provocaram uma série de novas ordens, fazendo surgir novos estilos de música sobre o homem, sobre a condição humana, sobre a subjetividade e sobre cada um de seus diversos modelos. Surgindo novas “modas” como o psicodelismo do The Doors, o movimento Hippie com Janis Joplin, o rock progressivo do Pink Floyd, o Punk com os Ramones, o Heavy Metal com Judas Priest, o Glam Rock com David Bowie. Nos anos 80 o Hard Rock com Skid Row, o Pós-punk com os góticos do The Cure, a era New Wave, com The B-52’s. Nos anos 90 dando início ao movimento Grunge com Nirvana. A partir daí houve uma epidemia de novos estilos de música, como o Thrash Metal, Doom Metal, Black Metal, Metal Melódico, Metal Sinfônico, Death Metal, Rock Progressivo, Hardcore, Rock Industrial, New Metal, Emocore, etc.

A contemporaneidade traz transformações na vida social de todos nós, seja nas crenças, religião ou cultura. Nos anos 60 se tinha apenas duas opções de identificação. Ou você gostava de Beatles ou de Rolling Stones. Com o passar do tempo a necessidade de se auto afirmar e de buscar nossas identidades, nós criamos novas modas, novas formas de pensar, novas verdades surgiram, novos estilos de música também surgiram. “A Condição Pós-Moderna”, permitiu a cada indivíduo não mais seguir necessariamente uma direção preestabelecida pela tradição como gostar somente de Beatles ou Rolling Stones. Possibilitando assumir a responsabilidade e liberdade de ação e de produção de si, na qual a manifestação dos desejos subjetivos, do amor-próprio e da realização individual assumem a condição de valores supremos, dando início a novos caminhos e escolhas, como todas as outras formas de pensar, agir, se vestir, de outros estilos musicais que surgiram depois dos Beatles e Rolling Stones.


New Wave (Kate Pierson) Grunge (Kurt Cobain) New Metal (Otep Shamaya)


Doom Metal (Peter Steele) Metal Sinfônico (Tarja Turunen) Emocore (Hayley Williams)

Veja abaixo o clipe da música "Decode" do Paramore:




John (Equipe New Vintage Music) e Hayley Williams(Vocalista do Paramore)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os garotos não esquecidos



Nesse novo post voltamos os olhos para o cenário musical brasileiro. Pensando no cenário underground, resolvemos falar de uma banda bastante influente nesse meio. Então iremos ao passado para falar do presente.

Chicago, anos 60: O cenário? Um show da aclamada, porém não conhecida na época, banda The Doors. Na platéia? James Osterberg, que ficou maravilhado com a performance, voz e principalmente pela atitude no palco do vocalista Jim Morisson.

James volta para sua cidade, Michigan, com uma idéia na cabeça: Montar uma banda e revolucionar o cenário musical. Por isso, muda seu nome para Iggy Pop e fala com uns amigos sobre sua idéia de montar uma banda. Assim nascia em 1969 o The Stooges. Iggy era um tipo muito estranho no palco. Suas performances variavam entre dançar no chão, lambuzar-se com lama, jogar manteiga de amendoim na platéia e até cortar-se com pedacinhos de vidro. Era o tipo de banda, que ou você amaria, ou você odiaria.

São Paulo, anos 90: O cenário? Estilos de músicas como, Axé, Pagode e Sertanejo dominavam as rádios e programas de televisão da época. Na platéia? Fora a população em massa, dois garotos assistiam de longe isso, enquanto ouviam o antigo The Stooges. Gustavo Riviera e Arthur Franquini cresceram ouvindo The Stooges, MC5, Ramones e Johnny Thunders e estavam completamente desgostosos quanto a esse cenário musical. Resolveram então montar uma banda que refletia o som que eles gostavam, como forma de protesto ao cenário musical da época.
Conseguiram a gravação de uma fita demo em 1997, na qual colocaram uma foto 3x4 na capa, denominaram-se Forgotten Boys. Escolheram esse nome, por ser um trecho da música do Stooges que mais gostavam: Search and Destroy "I am the world's forgotten boy/The one who searches and destroys".

Em 1998, já tinham mais algumas músicas compostas e gravaram outra demo com 13 músicas. Apenas 50 exemplares foram feitos e um desses foi parar na mão do dono de um dos selos independentes mais importantes da cena: Renato Martins, dono da Ataque Frontal, uma produtora de CD’s independentes, que ouviu e chamou-os para abrir os show de uma banda argentina chamada A77aque (Ataque 77). Com isso a banda foi ganhando certa exposição no meio underground. Eram denominados “inovadores” para o cenário da época.

Em 1999, gravaram outro CD, intitulado "Forgotten Boys", produzido por Daniel Ganjaman (que já havia trabalhado com Racionais MC's, Planet Hemp e Sabotage). O espaço desses garotos paulistanos crescia cada vez mais, participando de uma turnê junto com Marky Ramone, ex-baterista da banda de Punk Rock, Ramones.

Em 2002, a banda aceitou gravar um Split CD, com os argentinos do Killer Dolls. A banda fez turnê nacional, com os suecos da banda Backyard Babies e seguiu gravando o CD "Gimme More", produzido por Fernando Sanches (hoje, baixista do CPM 22).

Com a repercussão de "Gimme More", o Forgotten assinou com a No Fun Records, gravadora dos EUA e tiveram seu primeiro lançamento internacional: "Gimme More... And More" com as 6 faixas que compõem o Split com o Killer Dolls como bônus. Nesse mesmo ano, gravaram outro Split, dessa vez com os uruguaios do Motosierra (banda que inclusive vai fazer shows esse ano no Brasil).

É também nesse ano, a primeira turnê internacional dos garotos, a Southerlands Tour 2004, organizada pelos próprios membros da banda e realizada com seus próprios carros, sem equipe nem nada com os shows marcados por telefone e emails. Dormiam juntos em camas de casal e tinham que passar quase 100% do tempo juntos. Essa Tour resumiu-se em 13 shows, de São Paulo até a Argentina. Sendo apenas 4 na terrinha dos hermanos. Alguns shows foram cancelados mesmo com a banda presente no local, e não receberam o cachê e ainda perderam dinheiro se locomovendo para os locais dos shows. Quando voltaram dessa turnê, lançaram "Stand by the D.A.N.C.E.", em setembro de 2005. Pouco depois de terem tocado em um show da banda americana MC5. O disco produzido por Daniel Ganjaman mostra a banda em seu auge. E é considerado, por muitos, o melhor CD da banda até hoje.

Em 2008, lançaram o "Louva-a-Deus" e o vocalista e guitarrista Chuck Hipolitho resolveu sair da banda para dedicar sua vida a carreira de produtor e de pai de família, já que sua mulher, a atriz Débora Falabella, ficou grávida e recentemente deu à luz a Nina, primeira filha do casal.
Os demais membros da banda não quiseram colocar alguém para substituir Chuck e então aproveitaram uma idéia que já tinham e colocaram mais dois integrantes na banda: Zé Aurélio na percussão e Paulo Kishimoto nos teclados. Essa nova formação não agradou aos fãs de primeira, já que a sonoridade de muitas músicas mudou por conta da saída da segunda guitarra e vocal, fazendo todos sentirem falta disso. Porém parece que os fãs já estão se acostumando com a nova sonoridade, já que os shows ainda lotam. A banda, atualmente já tem algumas músicas escritas e alguns arranjos prontos.

Os meninos paulistanos do Forgotten Boys fazem parte de um grupo restrito de bandas que insistem permanecer no cenário independente. Hoje se pode divulgar a música em qualquer lugar, basta usar a criatividade. Foi com a criatividade que o Forgotten Boys se tornou uma das bandas independentes mais reconhecidas do Brasil. As músicas “Cumm On”, “Hold On”, "Get Load", "Just Done" e "All You See" fazem o pessoal perceber que bandas independentes podem ser tão boas ou até melhores do que muitas bandas conhecidas pela grande mídia. Além de a banda cantar a maioria das músicas em inglês, ela não se limita somente a uma língua e também tem várias músicas em português, como as mais conhecidas "Não Vou Ficar", "Bla bla bla" e "5 Mentiras".

"Alavancar" uma carreira depende de diversos fatores, como a sorte e principalmente a boa execução de trabalho de todos os envolvidos. O melhor mesmo é a banda saber resolver seus problemas, sozinha. No caso do Forgotten Boys, a gravadora trouxe uma divulgação e distribuição maior, e tiveram condições de gravar um disco mais caro e de maior qualidade. Mas, é muito difícil alavancar uma carreira com ou sem gravadora, deve-se trabalhar muito e não desistir nunca, além de acreditar no que esta sendo feito. Com certeza com o talento dos “Garotos Esquecidos”, eles não serão esquecidos tão cedo.

Veja abaixo o vídeo de “Hold On”.




Devido a sonoridade da música, pode parecer que é uma banda americana dos anos 80. Se fizéssemos uma viagem para o passado como no filme “De volta para o futuro”, só que em vez de irmos para os anos 60 e fossemos para os anos 80, levando os Forgotten Boys, com certeza seriam confundidos com qualquer outra banda daquele momento. E, se nos dias de hoje, qualquer pessoa que visse o vídeo na TV ou no Youtube e não tivesse conhecimento dele, iria deduzir que se trata de um vídeo de uma banda americana dos anos 80, mas que na verdade é um vídeo de uma banda atual brasileira.


Forgotten Boys em 2007 (Da esquerda para direita) Zé Mazzei, Flávio Cavichioli, Gustavo Riviera e Chuck Hipólitho


Flávio Cavichioli e Rebecca Catalani

segunda-feira, 1 de junho de 2009

MGMT, uma nova droga fabricada em laboratório.

Á esquerda Festival Woodstock (1969) á direita Banda MGMT (2009)

Com freqüência ouvimos que estamos vivendo a famigerada era das comunicações, afinal, pode-se fazer de tudo estando conectado à internet. Tudo mesmo.



Neste caso, podemos afirmar com segurança que não há atividade que gere tanta polêmica, atualmente, quanto à troca de MP3 pela rede mundial de computadores. Da troca de MP3 existente no Myspace, um site de relacionamento que a maioria das bandas usa para divulgar seu trabalho. Além do Lastfm que é o site mais usado ultimamente para se conhecer bandas e artistas novos. Assim fazendo com que as pessoas conheçam novas bandas, inclusive aquelas que não são tão conhecidas e comentadas.

Assim como o intuito desse blog é mostrar para os seguidores as bandas novas, procuramos falar de algo novo e que chamasse atenção. E então resolvemos inaugurar o blog falando de uma nova banda que vem retomando a cultura Hippie e Psicodélica, trazendo uma roupagem atual. Banda que nos chama atenção pelo seu ritmo agradável e por suas letras viajantes.

Em 1969 em uma fazenda, foi realizado o festival Woodstock, evento de artistas ligados a diversos estilos musicais que de alguma forma se relacionavam com as propostas do movimento Hippie, Psicodélico, entre outros.

Vimos que de alguma forma novas bandas estão fazendo uma releitura dessa cultura que ficou no passado. Recentemente um grupo que vem fazendo grande sucesso no meio underground é o MGMT. Parece o nome de uma super droga, mas não é, MGMT é a sigla para The Management. Ao mesmo tempo que tem uma ideologia Hippie, compõe uma sonoridade Electro-Rock baseada no retrô, Psicodélico e Dance Music. Trazendo uma espécie de sentimento vulgar que é explicado pela tentativa quase cósmica de escapismo. O projeto artístico remete a temas psicodélicos, como se pode ver pelas fotos de divulgação no blog.

Por volta de 40 anos atrás, a cultura psicodélica começava a ser propagada pela Europa, como forma de expressão mais sentimental de uma mistura de cores, sons e sentidos. Grandes músicos e artistas plásticos deixaram suas marcas na história influenciada pela cultura psicodélica. Participando de um movimento que conseguia despertar uma atitude da juventude que antes se omitia nos assuntos do mundo como a economia, política, artes etc.

Com os outros gêneros musicas sendo criados e divulgados a cultura psicodélica deixou de ser um estilo tão seguido como era antes, daí ele foi sumindo com o passar do tempo. Porém, hoje o estilo está voltando aos poucos e sendo tomado como influencia as antigas bandas e artistas criadores do estilo, com um toque de modernidade na sonoridade e na ideologia central da cultura.

Bandas como MGMT, tomam de frente o psicodélico. O caráter interplanetário nas músicas ainda é um ponto forte na sonoridade (característica do psicodélico). Ou seja, imitações do som de outros planetas. Mostrando uma viajem pelo tempo e espaço.
Cada vez mais bandas com um estilo diferente do psicodélico estão aderindo a essa cultura no objetivo de incrementar o som e se adaptar a essa cultura que vem ressurgindo fazendo com que grandes artistas esquecidos do público serem redescobertos e apreciados novamente. O MGMT surgiu para nos relembrar da loucura dos anos 60, a música alucinante e profética do The Doors com sons psicodélicos do novo milênio.

O vocalista e guitarrista Andrew VanWyngarden tem um canto tão suave que chega ser hipnotizante. O tecladista Ben Goldwasser tem uma enorme influencia de tecladistas de bandas como Ray Manzarek do The Doors, e Jon Lord do Deep Purple. Juntos, eles formam a dupla de estudantes universitários do Brooklyn de gosto musical diferentes para a maioria dos jovens da idade deles. Que um dia se conheceram e formaram o MGMT. São ótimos músicos, que com enorme criatividade ao pegar elementos culturais do passado e transformá-los em algo novo, geraram o estrondo de um EP de estréia como eles conseguiram com “Time to Pretend”.

Quando ouvimos uma música pela primeira vez, geralmente, é o ritmo que logo nos chama a atenção, se ele é interessante, agradável ou não aos nossos ouvidos; então, a partir daí iremos prestar atenção no segundo quesito básico de uma música e, muitas vezes, decisivo: a letra. Ritmo interessante, agradável e que chama atenção é o que o MGMT faz, com melodias que grudam no cérebro. Suas letras tratam de assuntos normais do cotidiano, cantando as dificuldades e sonhos do hedonismo moderno como: viagens, sexo, drogas, diversão, drogas, música, drogas, amigos e drogas. Trazendo uma sensação de uma fuga da realidade em uma viagem de sons psicodélicos.

O ouvinte descobre o exemplo na prática quando se vê viciado por músicas como “Time To Pretend”, “Weekend Wars”, ““The Youth” e “Electric Feel”. Como se a vida fosse uma "bagunça organizada", uma loucura sob controle, uma celebração neo-hippie, sem rótulos, normas, regras e dogmas.

A primeira música, “Time to Pretend” é o grande destaque do álbum. A contraposição do antigo contribuindo para cantar a juventude atual, do começo eletrizante. A música abre o álbum que na verdade não é uma exaltação à juventude e sim uma lamentação, em relação à infância perdida e um triste relato de como a vida se torna fria e falsa enquanto crescemos e perdemos a inocência. E além de uma letra que prende o ouvinte, a dupla dá um banho de eletro cativante, com uma atmosfera pesada, como se a cada momento uma força te empurrasse para baixo e logo em seguida te trouxesse para o mesmo lugar de origem, como se nada tivesse acontecido.

A música “Weekend Wars” é uma demonstração de que David Bowie faz parte da musicalidade do álbum. Lembrando a levada da música “Starman” do disco “The Raise and Fall of Ziggy Stardust”. Uma ótima releitura de uma música que a juventude atual desconhece.

'The Youth' com uma mistura psicodélica vindo à tona na hipnose estilo Velvet Underground e Flaming Lips. É requintada em seu refrão, adocicado por vocal agudo, suave e quase hipnótico de Andrew. Vocal que faz grudar a música em sua cabeça. Você ouvirá uma vez durante a manhã e ficará o resto do dia cantando o refrão como se estivesse ouvindo a música pela milésima vez.

'Eletric Feel' é uma incrível mudança no álbum, saindo do glam-pop de Bowie e correndo para a cena de mistura de Disco Music e Flower Power dos anos 70 e 80. Sentimos a linha de baixo, a levada cheia de groove e os vocais que combinam perfeitamente com o instrumental. É sem dúvida uma das melhores faixas do disco. A composição vocal em dueto, a bateria militar, batendo sempre na mesma freqüência, fazendo com que seu cérebro perceba mais que os seus ouvidos. Tudo isso faz nascer essa sonoridade que nos prende e que sem que percebamos, já ficamos presos a sua melodia.

Destaque para "Of Moons, Birds & Monsters", que traz um sentimento de nostalgia a qualquer um que viveu a cultura psicodélica nos anos 60.

Claro que o MGMT não é o que há de melhor da cena musical psicodélica. Pois nada melhor do que o original. Mas caminha a passos largos para alcançar a sua grandeza e respeito, pois reconhecimento eles já tem. Sendo ousados, em misturar, The Doors, Radiohead, Pink Floyd, Velvet Underground, David Bowie e mais meia dúzia de coisas psicodélicas.

Só resta vocês ouvirem o som da banda e tirarem as suas próprias conclusões. MGMT é a primeira aposta do blog como uma das bandas que ditará uma nova tendência no cenário musical, saindo do cenário underground e aparecendo na grande mídia.

A sigla MGMT pode parecer o nome de uma super droga. Mas temos certeza que suas músicas irão te viciar, da mesma forma que uma super droga nos vicia.


John (Equipe New Vintage Music) e Andrew VanWyngarden (Vocalista do MGMT)

Veja abaixo o vídeo de "Electric Feel" do MGMT