segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os garotos não esquecidos



Nesse novo post voltamos os olhos para o cenário musical brasileiro. Pensando no cenário underground, resolvemos falar de uma banda bastante influente nesse meio. Então iremos ao passado para falar do presente.

Chicago, anos 60: O cenário? Um show da aclamada, porém não conhecida na época, banda The Doors. Na platéia? James Osterberg, que ficou maravilhado com a performance, voz e principalmente pela atitude no palco do vocalista Jim Morisson.

James volta para sua cidade, Michigan, com uma idéia na cabeça: Montar uma banda e revolucionar o cenário musical. Por isso, muda seu nome para Iggy Pop e fala com uns amigos sobre sua idéia de montar uma banda. Assim nascia em 1969 o The Stooges. Iggy era um tipo muito estranho no palco. Suas performances variavam entre dançar no chão, lambuzar-se com lama, jogar manteiga de amendoim na platéia e até cortar-se com pedacinhos de vidro. Era o tipo de banda, que ou você amaria, ou você odiaria.

São Paulo, anos 90: O cenário? Estilos de músicas como, Axé, Pagode e Sertanejo dominavam as rádios e programas de televisão da época. Na platéia? Fora a população em massa, dois garotos assistiam de longe isso, enquanto ouviam o antigo The Stooges. Gustavo Riviera e Arthur Franquini cresceram ouvindo The Stooges, MC5, Ramones e Johnny Thunders e estavam completamente desgostosos quanto a esse cenário musical. Resolveram então montar uma banda que refletia o som que eles gostavam, como forma de protesto ao cenário musical da época.
Conseguiram a gravação de uma fita demo em 1997, na qual colocaram uma foto 3x4 na capa, denominaram-se Forgotten Boys. Escolheram esse nome, por ser um trecho da música do Stooges que mais gostavam: Search and Destroy "I am the world's forgotten boy/The one who searches and destroys".

Em 1998, já tinham mais algumas músicas compostas e gravaram outra demo com 13 músicas. Apenas 50 exemplares foram feitos e um desses foi parar na mão do dono de um dos selos independentes mais importantes da cena: Renato Martins, dono da Ataque Frontal, uma produtora de CD’s independentes, que ouviu e chamou-os para abrir os show de uma banda argentina chamada A77aque (Ataque 77). Com isso a banda foi ganhando certa exposição no meio underground. Eram denominados “inovadores” para o cenário da época.

Em 1999, gravaram outro CD, intitulado "Forgotten Boys", produzido por Daniel Ganjaman (que já havia trabalhado com Racionais MC's, Planet Hemp e Sabotage). O espaço desses garotos paulistanos crescia cada vez mais, participando de uma turnê junto com Marky Ramone, ex-baterista da banda de Punk Rock, Ramones.

Em 2002, a banda aceitou gravar um Split CD, com os argentinos do Killer Dolls. A banda fez turnê nacional, com os suecos da banda Backyard Babies e seguiu gravando o CD "Gimme More", produzido por Fernando Sanches (hoje, baixista do CPM 22).

Com a repercussão de "Gimme More", o Forgotten assinou com a No Fun Records, gravadora dos EUA e tiveram seu primeiro lançamento internacional: "Gimme More... And More" com as 6 faixas que compõem o Split com o Killer Dolls como bônus. Nesse mesmo ano, gravaram outro Split, dessa vez com os uruguaios do Motosierra (banda que inclusive vai fazer shows esse ano no Brasil).

É também nesse ano, a primeira turnê internacional dos garotos, a Southerlands Tour 2004, organizada pelos próprios membros da banda e realizada com seus próprios carros, sem equipe nem nada com os shows marcados por telefone e emails. Dormiam juntos em camas de casal e tinham que passar quase 100% do tempo juntos. Essa Tour resumiu-se em 13 shows, de São Paulo até a Argentina. Sendo apenas 4 na terrinha dos hermanos. Alguns shows foram cancelados mesmo com a banda presente no local, e não receberam o cachê e ainda perderam dinheiro se locomovendo para os locais dos shows. Quando voltaram dessa turnê, lançaram "Stand by the D.A.N.C.E.", em setembro de 2005. Pouco depois de terem tocado em um show da banda americana MC5. O disco produzido por Daniel Ganjaman mostra a banda em seu auge. E é considerado, por muitos, o melhor CD da banda até hoje.

Em 2008, lançaram o "Louva-a-Deus" e o vocalista e guitarrista Chuck Hipolitho resolveu sair da banda para dedicar sua vida a carreira de produtor e de pai de família, já que sua mulher, a atriz Débora Falabella, ficou grávida e recentemente deu à luz a Nina, primeira filha do casal.
Os demais membros da banda não quiseram colocar alguém para substituir Chuck e então aproveitaram uma idéia que já tinham e colocaram mais dois integrantes na banda: Zé Aurélio na percussão e Paulo Kishimoto nos teclados. Essa nova formação não agradou aos fãs de primeira, já que a sonoridade de muitas músicas mudou por conta da saída da segunda guitarra e vocal, fazendo todos sentirem falta disso. Porém parece que os fãs já estão se acostumando com a nova sonoridade, já que os shows ainda lotam. A banda, atualmente já tem algumas músicas escritas e alguns arranjos prontos.

Os meninos paulistanos do Forgotten Boys fazem parte de um grupo restrito de bandas que insistem permanecer no cenário independente. Hoje se pode divulgar a música em qualquer lugar, basta usar a criatividade. Foi com a criatividade que o Forgotten Boys se tornou uma das bandas independentes mais reconhecidas do Brasil. As músicas “Cumm On”, “Hold On”, "Get Load", "Just Done" e "All You See" fazem o pessoal perceber que bandas independentes podem ser tão boas ou até melhores do que muitas bandas conhecidas pela grande mídia. Além de a banda cantar a maioria das músicas em inglês, ela não se limita somente a uma língua e também tem várias músicas em português, como as mais conhecidas "Não Vou Ficar", "Bla bla bla" e "5 Mentiras".

"Alavancar" uma carreira depende de diversos fatores, como a sorte e principalmente a boa execução de trabalho de todos os envolvidos. O melhor mesmo é a banda saber resolver seus problemas, sozinha. No caso do Forgotten Boys, a gravadora trouxe uma divulgação e distribuição maior, e tiveram condições de gravar um disco mais caro e de maior qualidade. Mas, é muito difícil alavancar uma carreira com ou sem gravadora, deve-se trabalhar muito e não desistir nunca, além de acreditar no que esta sendo feito. Com certeza com o talento dos “Garotos Esquecidos”, eles não serão esquecidos tão cedo.

Veja abaixo o vídeo de “Hold On”.




Devido a sonoridade da música, pode parecer que é uma banda americana dos anos 80. Se fizéssemos uma viagem para o passado como no filme “De volta para o futuro”, só que em vez de irmos para os anos 60 e fossemos para os anos 80, levando os Forgotten Boys, com certeza seriam confundidos com qualquer outra banda daquele momento. E, se nos dias de hoje, qualquer pessoa que visse o vídeo na TV ou no Youtube e não tivesse conhecimento dele, iria deduzir que se trata de um vídeo de uma banda americana dos anos 80, mas que na verdade é um vídeo de uma banda atual brasileira.


Forgotten Boys em 2007 (Da esquerda para direita) Zé Mazzei, Flávio Cavichioli, Gustavo Riviera e Chuck Hipólitho


Flávio Cavichioli e Rebecca Catalani

8 comentários:

  1. Adoro umas bandas que você mensionou aí.
    Beatles, The Doors...
    Não conheço esses caras da foto.
    Adorei o blog!
    Beijos.

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  2. Ah, adorei a música automática!

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  3. caraca muito legal xD

    nao conhecia, mas achei muito bom o som,

    parabenz (Y)

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  4. kra ja tinha ouvido falar dessa banda
    até ouvido alguma coisa quando eles tiveram aqui em Fortaleza vc escreve muito bem bicho
    parabens

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  5. Po. realmente muito bom o post, a banda eu vou ouvir mais tarde...

    O cenário underground brasileiro tem se mostrado bastante forte em relação a divulgação .

    ;*

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  6. MEUS LINDOOOOOOOOOOS (L) forgotten é uma banda que conseguir mudar bastante o status musical aqui de SP quando entrou na cena. são respeitadissimos aqui e em outros estados. são meu xodó (L)

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  7. ah eu não curto tanto mas é boa cara, vai de gosto musical mesmo... mas o post é show

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